domingo, 16 de abril de 2017

Vida? Talvez

   Sempre é verdade o que dizem: Tem cuidado com aquilo que desejas. Desejei que a minha vida mudasse de tons. Na verdade, criaram-se. Novos tons. De tristeza. De solidão. De medo. Tudo mudou. Eu mudei, e comigo, todo o mundo à minha volta. Talvez a vida se tenha esquecido de que também pedi para ser feliz.
 Sentimentos? Vazio. Como é que é possível a partida de alguém nos alterar a forma de ver a vida? E nos tirar a própria vida sem morrermos? Impossível, certo? Errado. O mais irónico de tudo é o facto de que desejei novas sensações, novos sentimentos. E tiraram-mos. Agora vivo - se é que isto se pode chamar de vida - à procura de sentir. Foi assim que te encontrei. De novo.
 Esta montanha-russa não pára. Espero que nunca pare, mas vamos com calma. Por vezes faz-me sentir tão desamparada. Outras vezes não quero ter de a abandonar. Que me leve sempre. Que me faça sentir. Faz-me sentir.
 Música. Simples. No entanto, complexa o suficiente para me dar vida. Vida? Não sei. Sensações, pelo menos. E sabe-me a eternidade. Eternidade? Não. Mas isso são outros medos. Medos? Sempre, mas não lhes posso tocar, pelo menos não agora. Ainda não.
 Distrações. E é aí que és bem vindo. Agradeço-te por me fazeres esquecer que o mundo existe, quem eu sou e o que quero. Por me teres feito sentir quando mais precisei, e por tirares as sensações que ainda me corroíam. Mas agora preciso de sentir mais. Quero mais. Nada por aí além. Só um pouco mais. De cada vez. Pode ser que consigas acompanhar a minha montanha-russa. E soubesses tu o quanto eu preciso que consigas.

-inês pais.