segunda-feira, 17 de abril de 2017

Pede-me por completo

  Aprendi - ou talvez ainda esteja a aprender,- que não posso pedir mais à vida. Talvez se descrever uma lista bem detalhada, eu receba o que peço. Mas não é isso que acontece. Eu peço o sol, e tenho o deserto. Eu peço o mar, e vem a tempestade. Eu peço-te a ti, e não sei o que recebo.
  Talvez esteja a pedir demasiado, mas a vida é uma procura constante, e como posso eu não desejar sempre mais? Quando aprender que a cada queda se torna mais difícil de me erguer. Talvez aí.
  Vamos tentar só mais uma vez: eu quero um coração cheio de sensações que me saibam a felicidade. Não quero sentir tremores, nem vazios que ardem. Não quero sentir falta, não quero pensar demasiado. Quero correr com a corrente, assim não sinto o esforço.  Não quero correr sozinha, apenas quando o precisar de fazer de mim para mim. Não quero tristezas, nem solidão, nem medos. Quero alegria. Quero arrepios por todo o corpo. Não quero falsidade, nem fingimentos, nem ilusões. Quero que seja verdadeiro, que seja bom e que seja real. Quero me complete. Completa-me. Deixa-me completar-te.

 -inês pais.